Outubro rosa: Todo nódulo na mama é câncer?

Dra. Ana Luiza | Brasília, DF

O mês de outubro se veste de rosa para nos lembrar da importância de uma conversa fundamental: a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama.

No centro dessa discussão, um tema gera muitas dúvidas e preocupações: a descoberta de um nódulo na mama. 

Afinal, todo nódulo é um sinal de câncer? A resposta é  não.

Para desmistificar essa questão, é essencial entender que as mamas são órgãos complexos e sujeitos a uma variedade de alterações. A maioria dos nódulos, na realidade, tem origem benigna e pode ser decorrente de diversas condições que não representam risco à vida.

Ao palpar um nódulo na mama, é natural que o medo surja. No entanto, é importante saber que muitas causas comuns e inofensivas podem estar por trás dessa alteração.

  • Cistos: São as causas mais frequentes de nódulos. Os cistos mamários são pequenas bolsas cheias de líquido que se formam dentro do tecido mamário, podendo ser macios, redondos e móveis. Eles costumam ter relação com as flutuações hormonais do ciclo menstrual e podem aumentar ou diminuir de tamanho ao longo do mês.
  • Fibroadenomas: Esses tumores benignos são formados por tecido glandular e conjuntivo. Geralmente são firmes, lisos, bem definidos e, ao toque, podem ser movidos sob a pele.. São mais comuns em mulheres jovens.
  • Alterações fibrocísticas: A mama pode apresentar um aspecto nodular e dolorido, que varia com o ciclo menstrual. Essa condição não é uma doença, mas uma variação normal do tecido mamário que pode simular a presença de nódulos.
  • Saída de líquido esbranquiçado pelos mamilos que podem se relacionar com alterações funcionais benignas das mamas. 

Embora a maioria dos nódulos seja benigna, a investigação é sempre necessária. 

Cabe à médica confirmar a benignidade do achado e definir a melhor conduta. 

A suspeita de câncer de mama aumenta quando o nódulo apresenta características específicas que o distinguem das lesões benignas.

  • Textura e formato: Nódulos malignos tendem a ser duros, com contornos irregulares e fixos no tecido mamário, ou seja, não se movem facilmente.
  • Tamanho e crescimento: Um nódulo que cresce rapidamente ou não diminui de tamanho após o ciclo menstrual deve ser avaliado por um médico.
  • Outros sinais e sintomas: Além do nódulo, é preciso observar outros sinais de alerta que podem acompanhar a doença, como:

-Pele da mama avermelhada ou com aspecto de “casca de laranja”.

– Retração do mamilo (bico do peito).

– Saída de secreção (líquido) pelo mamilo, especialmente se for com a presença de sangue e em apenas uma das mamas.

– Dor ou inchaço persistente.

– Nódulos nas axilas.

Para diferenciar um nódulo benigno de um maligno, a avaliação médica é indispensável. Os médicos especialistas, como os ginecologistas e mastologistas, realizarão o exame físico e, se necessário, solicitarão exames de imagem, como a mamografia, o ultrassom de mama e, em alguns casos, a ressonância magnética. 

A mamografia é o principal método de rastreamento e é capaz de detectar nódulos, microcalcificações e outras alterações sutis antes mesmo que sejam palpáveis. A mamografia é capaz de identificar cânceres de mama a partir de aproximadamente 5 mm, com maior acurácia para lesões entre 5 e 10 mm, especialmente quando há calcificações associadas. Para microcalcificações, que frequentemente representam carcinoma ductal in situ, o limiar de detecção é significativamente menor, podendo chegar a 225–399 μm (0,2–0,4 mm), independentemente da densidade mamária. Ou seja, a mamografia possibilita o diagnóstico muito precoce do câncer de mama. 

Caso os exames de imagem mostrem algo suspeito, o próximo passo é a biópsia, um procedimento simples e rápido onde uma pequena amostra do tecido é retirada para análise em laboratório. A biópsia é o único método que pode confirmar, com 100% de certeza, se um nódulo é benigno ou maligno.

Quanto mais inicial o câncer de mama é diagnosticado  maior a chance de cura.

Consulte regularmente a sua ginecologista e faça periodicamente exames de acordo com a sua idade e a sua história clínica. 

O Outubro Rosa não é sobre “encontrar um câncer”, mas sobre “cuidar de si”.

REFERÊNCIAS:

1. Benign Disorders of the Breast in Pregnancy and Lactation. Taib NA, Rahmat K. Advances in Experimental Medicine and Biology. 2020;1252:43-51. doi:10.1007/978-3-030-41596-9_6.

2. Benign Breast Disorders. Santen RJ, Mansel R. The New England Journal of Medicine. 2005;353(3):275-85. doi:10.1056/NEJMra035692.

3. Fibroadenoma of the Breast. Houssami N, Cheung MN, Dixon JM. The Medical Journal of Australia. 2001;174(4):185-8. doi:10.5694/j.1326-5377.2001.tb143215.x.

4. Evaluation of a Palpable Breast Mass. Donegan WL. The New England Journal of Medicine. 1992;327(13):937-42. doi:10.1056/NEJM199209243271307.

Últimos posts

A saúde da mulher em um só lugar!

Preencha o formulário abaixo para agendar sua consulta!
Formulário - Landing Page - Cuidado e Excelência - Whatsapp